25 de abril de 2010

Sociedade VI

"Viva a Liberdade!"


É algo que ouço muito neste dia, tão importante para os portugueses. Ou pelo menos é o que dizem. Admito, não serei a melhor pessoa para falar disto, considerando que nem tinha nascido quando se deu a revolução. Mas ouço o que dizem da altura e vejo o que acontece hoje.

Viva a Liberdade! Viva a liberdade das garras tiranas da polícia, que graças à liberdade cada vez está mais fraca! Estamos quase a conseguir aniquilá-la toda! Só mais um bocado camaradas! Daqui a nada seremos assaltados todos os dias! Ena! Viva a liberdade de se poder cometer crimes horrendos e sair impune enquanto que "o caso está a ser investigado...". As regras estão lá para ser quebradas, não é verdade caros amigos!? Viva a liberdade nas salas de aula, que graças a essa os alunos têm o direito... não... dever (!) de serem indisciplinados para com os seus mestres transmissores de conhecimento, muito para seu desgosto. Ainda bem que eles não lhes podem tocar sequer, quanto mais retribuir! Ha ha! Viva a liberdade de deixarmos governar os nosso políticos como ELES querem em vez de como o POVO quer. A revolução não se fez para dar ao povo o que ele quer. Santo Deus, o que é que eles pensavam! Estúpidos! Ha! Viva a liberdade de se poderem "calar" jornalistas por conveniência. E quem diz jornalistas diz qualquer badameco que torne público o que pensa de mal de quem tiver no poder. Fora com eles digo eu, liberdade de não-expressão!! Isso sim! Viva a Liberdade! Viva a liberdade de podermos deixar os nossos bons valores serem trocados pelos maus valores dos outros. Viva a liberdade de não deixarmos os nossos maus valores serem trocados pelos bons valores dos outros. Os estrangeiros fazem tudo mal! A maneira cá nossa é que é. Bora continuar a dizer que somos os piores da Europa... não... do mundo! Santo Deus! Vamos lá cambada, que há liberdade para ver tudo e mais alguma coisa na televisão em vez de trabalharmos! Olha, tá a dar o benfas e tudo hem? Maravilha! Deixem-me em paz, temos liberdade para alguma coisa não é verdade!? Então deixem-me aproveitá-la. Já disse que a maneira tuga é que é! Epá, mas deixem-me ver a bola para depois ir para casa bêbado bater na esposa e nos putos! E às tantas ainda me ponho a brincar com a espingarda e mato algum deles! Não me fazem nada! Ha! Ha ha! Ponho-me num carro roubado se tiver de ser, pego num multibanco ali duma bomba de gasolina e vivo por aí como um rei. E se a polícia me perseguir, nunca me apanharão... Ha! Com metade dos carros deles na oficina? 'Tá bem 'tá! Viva a Liberdade!

A sério que me entristece algumas coisas que vejo. Hoje estava a ler o jornal e lia sobre os crimes horrivelmente estúpidos a acontecer. Eu pergunto-me para que é que se fez uma revolução para chegarmos a este ponto... Erámos um país rural, sim, mas bolas não se devia ter medo de passear na rua. Eu não quero culpar imigrantes, que costumam ser os mais atingidos quando se ouvem notícias destes crimes. Sim, muitos assaltam pessoas. Mas dizer que todos fazem isso é generalizar. Na minha mui humilde opinião, era expulsar os imigrantes sim... Mas os que realmente fazem mal. Não discordo que só temos a aprender com os bons exemplos do resto da Europa (excepto os espanhóis, obviamente, porque apesar de eu estar aqui com estas conversas, sou apenas português...).

Olho para os nossos jovens dos dias de hoje. Eu sendo um, consigo perceber que grande maioria assume a sua liberdade como garantida. Sempre esteve lá. Cada morangueiro quer liberdade paternal. Acho que no geral é o grande sonho de cada um deles. No entanto, nenhum parece perceber o verdadeiro sentido da palavra Liberdade. Estristece-me profunda e melancolicamente o desrespeito das camadas jovens pelas mais velhas. Os valores da reverência e respeito perderam-se definitivamente com a revolução.

Não quero dizer que o regime fascista fosse perfeito. Antes pelo contrário. E estou longe de dizer que o queria de volta. Agora, algumas coisas faziam sentido. Chamem-me revolucionário. Chamem-me fascista. Mas se me perguntarem o que eu sou...

Eu?

Hehe.

Eu sou português. Com orgulho. Os sacrifícios que se fizeram pela minha nação fazem-me reflectir bastante em dias como este. O que é que a minha liberdade significa para mim? Bom, para já o poder escrever isto sem ser censurado. Poder comunicar com várias culturas e pensamentos de outras pessoas. Poder escolher o que eu faço na vida. E o que é que eu escolho fazer? Escolho não escolher. Há regras, tradições, hábitos de há tanto tempo atrás. Bons valores de antigamente. Esses não me parecem mal. Fico-me por aí. Não vale a pena mudar o que não está mal.


O que eu sempre acho divertido de relembrar neste dia é que António Salazar foi eleito o maior português de todos os tempos. Claramente alguma saudade do regime ficou por aí...

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