28 de janeiro de 2010

Reflexão Pessoal III

Chego a casa. Sinto-me esquisito. De uma maneira que não me sentia há muito. Estive o dia todo fora de casa, muito mais do que as proverbiais "das 9 às 5". Foi um dia em cheio, repleto de acontecimentos que fariam qualquer um reflectir sobre os mais variados temas. Demasiado para se dizer num só texto. E defnitivamente mais do que tenho paciência agora de escrever.

Mas o que era? Tantos sintomas que em mim são invulgares. Arrastei-me para dentro de casa apesar de ter apanhado boleia desde a estação. Entrei e fui ter com a minha cadela. Tive de me sentar ao pé dela. Não sabia bem porquê. Fiquei uns bons minutos lá até que decidi subir penosamente as escadas. Sentia dores no corpo e foi um alívio pousar a mala finalmente. Aí percebi.

Sentia-me cansado.

Um arrepio subiu espinha acima só de perceber o meu problema. No entanto decidi ir jantar, porque tinha realmente vontade de comer. Surpreendido apercebi-me de mais um sintoma.

Sentia fome.

Desesperado pela situação, continuei para baixo e passei outra vez pela cadela e tremi quando uma brisa do exterior correu pelo meu corpo. Chego à cozinha, que na altura estava vazia. Obviamente ia jantar sozinho, não que isso em si fosse esquisito. Tirei um prato de sopa e ao dirigir-me para a mesa reparei que o aquecimento a gás estava ligado. Em vez de o desligar decidi, por impulso, sentar-me à frente dele enquanto comia a sopa. Aterrorizado, nem queria acreditar:

Sentia frio.

Levantei-me para lavar o prato e peguei num croquete. Aí senti uma dor aguda, que agora que me lembrava já não tinha sido a primeira desde que tinha chegado.

Sentia dores.

Finalmente concluí. Havia sido derrotado pelas banalidades que fazem uma pessoa queixar-se. Neste dia, não consegui abstrair-me do que normalmente não me afecta. Sentia cansaço. Sentia fome. Sentia frio. Sentia dores. Sentia vontade de me queixar sobre tudo e sobre nada. Sobre o dia horrível que tinha tido. Sobre o quão frio estava. Sobre a dor na perna, no ombro e nas costas...

Porra.

Sentia-me humano.

2 comentários: