5 de janeiro de 2010

Tal VI

Há com cada coisa. Nos momentos mais inesperados consegue-se arranjar inspiração quase divina para se escrever obras primas.

Não é o meu caso, porque hoje deu-me inspiração, sim, mas de tanta coisa mui mais relevante aos dias de hoje que me podia lembrar, vou escrever sobre:

*rufos de tambor..*

Perfumes.

"Ah oui, le parfum, c'est une chose que je n'adore....", ah, esperem lá, demasiado francês mau, desculpem lá. Voltando ao bom e velho português não afeCtado pelo acordo ortográfico:

Eu detesto-os. A sério. Nunca fui pessoa dessa mistela que nem sequer se pode beber. A minha avó paterna costumava-me obrigar a pôr isso quando tinha de ir à missa quando era muito jovem e daí provavelmente ter traumas infantis. Mas isso não interessa agora.

A verdadeira questão para mim é porquê usar perfume?

É uma questão de higiene? Social? Cultural? Seja qual for, eu pessoalmente nunca poria. Eu sinceramente prefiro afastar a cabeça nos tranportes públicos de alguém encharcado disso. O ar torna-se irrespirável e quase tenho uma reacção alérgica (psicológica claro). Às vezes até consigo ficar com náuseas dependendo da potência da mistela.

Posso ser o único afectado por este tipo de síndrome anti-perfume, mas a questão é que consegue na verdade ser um negócio muito apetecível para estrelas de Hollywood a envelhecer, estrelas de futebol a perder o jeito, etc.... Eu se me derem a cheirar duas fragrâncias (acho que é isso que lhes chamam) só raramente noto alguma diferença no quanto mal cheira. Mas há pessoas que imediatamente dizem que um é melhor porque "tal e tal...". Por essa razão acho esquisito um actor/desportista, que em princípio não terá usado muitas faculdades mentais para prosseguir na carreira, consiga achar uma nova fórmula química para um novo "cheiro", vá, que seja original (sim, porque nos anúncios e tal dizem "Perfume Ronhonhó, by Tony Panteras, si, muy sexy..." portanto suponho que são eles que os fazem).

Ah, agora com isso, lembrei-me que supostamente alguns perfumes são afrodisíacos. "Ah, e tal, vêm três milhões de senhoras (respeitáveis ou não) atrás de ti se esfregas isto no peito. Ah, podes ter óculos fundo de garrafa, uns 45 quilos de invenjar a qualquer anorética, graves problemas de acne e de estilo no geral, mas não te preocupes que elas te vão achar um verdadeiro Sean Connery dos tempos e que ele não precisava de descansar a cada cinco minutos num filme de acção se te encharcares (já usei este verbo não já?... é pena desculpem lá) disto".

Quem não detectou ironia ali, consegue perceber agora nesta frase que de facto havia. E muita. Bom, continuando.

Vamos lá a ver, eu não quero dizer que sou um porco, eu ainda tenho esses limites, há que pôr desodorizante e tal, claro. Mas o perfume como produto de higiene? Santo Deus, porquê? Muitos provavelmente não sabem, mas originalmente o perfume era usado verdadeiramente para esconder o mau cheiro dos nobres que não tomavam banho (que há uns séculos atrás, ainda eram bastantes suponho). Isso quer dizer que quem usa perfume nos dias de hoje não toma banho? Ou é daquelas coisas que foi sendo banalizada e vendida à escumalha (nós, o povo, na altura) no curso dos tempos?

Isso meus caros, decidam vocês. Esta é a altura em que se olha para dentro de cada um de nós e perguntamos: "Eu sou um homem? Ou sou um porco? Ou um bacalhau?" Pensem nisso.

Falando em tomar banho e bacalhaus, os meus bacalhaus de borracha já estão à espera na banheira. Eles gostam de se fazerem de Nautilus e afundar os navios de borracha que por acaso ali passam. Nessa história, sou o Ñemo e a lula gigante, porque o orçamento não dá para mais.

Ah, e os navios levam carregamentos de, claro está, perfume.

3 comentários:

  1. Eu sei (todos sabemos?) que o cheiro do bacalhau depois de seco é impossível. Também sabemos (sei?)que anda muita gentinha na rua enfrascada em perfume mas água, "tá queto".
    Reconheço que os perfumes são hoje uma indústria de muitos zeros.
    Também não quero dizer que a maioria do pessoal não seja asseado. Eu gosto de um pouco de cheiro. E gosto mais ainda quando alguém me diz: cheiras bem!
    Concordo que as estória dos perfumes afrodísiacos não passam disso mesmo: estórias.
    Sua Majestade Bacalhau lá saberá quem tem na sua corte, mas continuo a pensar que um perfuminho de quando em vez não seria mau de todo no bacalhau...

    ResponderEliminar
  2. Eu nao desgosto de um perfumezinho subtil numa moça acho que so as torna mais apelativas. Para mim recuso-me a comprar porque e claramente uma compra para os outros gostarem porque as tantas ja nem sinto o cheiro do perfume e faz me pena nao ter gasto o dinheiro noutra coisa. Felizmente, ou nao, todos os natais me repoem o stock.

    ResponderEliminar
  3. Alto lá. Se os bacalhaus afundam os navios de perfume, isso causaria um derrame de perfume na agua. Ou seja, tomas banho em perfume! Blasfémia! Santo Deus!

    ResponderEliminar